Varejo.info - Capítulo 3: mundo virtual ou real?

Acredito que você já tenha ouvido a famosa frase: isso é no mundo virtual. Com a intenção de se referir ao digital e suas tecnologias. Principalmente redes sociais: Facebook, Instagram, Twitter e, mais recente, TikTok. Essa frase me parece carregar um certo tom de que esse tal “virtual” é algo no campo das ideias, algo que beira a ficção. Como se fosse o oposto do real, logo, seria o mundo irreal. Olhando para o ano de 2020: pandemia global, pedidos no ecommerce crescendo mais de 130% apenas em Maio/2020 frente a Maio/2019. Será mesmo que esse mundo é irreal?

A ideia de que o mundo mudou já é velha e você já entendeu isso. Agora, será que entendeu que o mundo só mudou porquê nós mudamos? Não existem mais humanos. Existem ciborgues. Ou melhor, existem Smartphones que por acaso carregam pessoas por aí :)

O Brasil é vice campeão mundial em tempo utilizando redes sociais (Fonte: GlobalWebIndex, 2019). Mantemos mais contato com nossos amigos e familiares pelos canais online do que offline. Em 2019 os brasileiros utilizaram este meio em média 225 minutos por dia! Isso representa um aumento frente aos 219 minutos de média em 2018.

Já são mais de 3 horas dedicas por dia. Em um ano representa mais de 82 mil minutos. E estes dados ainda são anteriores ao período de quarentena. Será mesmo que a tal expressão, “mundo virtual”, pode se referir a uma ficção? Acredito que não.

O até então chamado de “virtual” se tornou parte da nossa vida. É como se nosso cérebro não diferenciasse mais o que seria digital do físico. Fácil perceber isso, infelizmente, nas discussões online. No último período eleitoral foi comum pessoas romperem relações por conteúdos publicados em mídias sociais. Isso teve o mesmo peso que se estivessem falado (ou gritado) pessoalmente umas com as outras.

Mas, e como o varejo fica nessa história?

Partindo da ideia que agora não vendemos mais para pessoas, mas sim para ciborgues, precisamos nos adaptar. Pessoas faziam pesquisas de produto e preço andando pelo shopping. Ciborgues fazem pesquisas na palma da própria mão - e com uma velocidade assustadora. Pessoas tomavam decisões de compra com base majoritariamente na vivência física. Ciborgues são influenciados principalmente pelo meio digital nas suas decisões de compra.

A jornada de compra é iniciada no digital. Em muitos casos ela vai sim terminar com a compra no presencial, mas o início dela é no digital. Passamos a ter o senso comum de que não se compra nada sem antes consultar online - o Google, mais comum. Já pensou comprar algo e depois encontrar um ecommerce com uma super promoção? Comprar algo e depois descobrir uma série de reclamações sobre o produto? Não, ninguém quer essa experiência. A nossa intuição agora é: buscar online SEMPRE.

Marcas figital

Dai surge a ideia de que as marcas devem ser figital: físicas e digitais - tal qual seus compradores. Já não importa tanto se você possui infinitas lojas, caso não tenha uma boa presença no online, você será eliminado do processo de decisão logo na largada.

82 mil minutos em redes sociais por ano, é muito mais tempo do que qualquer cliente vai passar na sua loja física- talvez até na vida inteira dele. Usar com sabedoria o canal digital é tão importante - se não mais - quanto cuidar bem do ponto no shopping ou na rua movimentada. Isso que vai garantir a sobrevivência da sua empresa no longo prazo. O digital deixou de ser apenas virtual, se tornou real como qualquer outro aspecto físico das nossas vidas, não existe mais diferença.

No Capítulo 4 vamos falar mais sobre Marcas figital! Até mais!