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Rio Info - Símbolo de um mundo digital desigual

Símbolo de um mundo digital desigual: Oportunidades negadas a negros e pobres se acentua quando o assunto é tecnologia

Rio é Tech - 14 de agosto de 2020

A vida de Vitor Eleotério podia ser mais uma das histórias de evasão escolar que terminam no abandono definitivo dos estudos e na baixa qualificação profissional definitiva, como apontam as estatísticas alarmantes sobre a educação no Brasil. De acordo com dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), um terço dos jovens entre 19 e 24 anos não conseguiu completar o ensino médio em 2018.

Vitor Eleotério participará como palestrante na abertura do evento oficial Rio Info 2020.

por Karla Mourão

A vida de Vitor Eleotério podia ser mais uma das histórias de evasão escolar que terminam no abandono definitivo dos estudos e na baixa qualificação profissional definitiva, como apontam as estatísticas alarmantes sobre a educação no Brasil. De acordo com dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), um terço dos jovens entre 19 e 24 anos não conseguiu completar o ensino médio em 2018. Essa média altíssima se acentua em relação à população negra: 44% dos jovens negros não conclui essa etapa de acordo com dados da mesma pesquisa.

Vitor, menino negro, morador da comunidade do Vidigal, na Zona Sul do Rio de Janeiro, que começou a trabalhar aos 13 anos de idade como entregador de farmácia, passou por recorrentes episódios de racismo em uma escola da rede pública local, o que resultou no abandono dos estudos ainda na 5ª. Série. “Eu sinto que perdi grande parte da minha vida por conta de um episódio de intolerância por parte da diretoria da escola. É isso que o racismo faz: rouba tempo e espaço da vida das pessoas”, comenta sem entrar em detalhes sobre o assunto que ainda traz visível sofrimento ao ser lembrado.

No entanto, como sempre foi um menino curioso e inteligente, Vitor continuou estudando por conta própria, através da leitura e da internet, o que veio mais tarde a caracterizar sua evolução profissional como autodidata na área de tecnologia da informação. Soma-se à capacidade intelectual de Vitor um componente de inteligência emocional, que permitiu que superasse os desafios impostos pelas condições econômicas e sociais desfavoráveis que teve que enfrentar desde cedo. Nem todos os meninos respondem com resiliência à pressão de uma sociedade desigual e racista. No caso de Vitor, que continuou trabalhando como entregador, o Encceja (Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos) viabilizou que conseguisse seu diploma do ensino médio aos 27 anos, após estudar sozinho para o exame. 

Essa conquista trouxe de novo a autoestima necessária para buscar outras oportunidades, quando Vitor ingressa no ensino superior através do crédito universitário com o desejo de se formar programador. A grande virada na sua vida, no entanto, Vitor atribui à oportunidade gerada pelo curso de formação profissional Resilia, que frequentou por seis meses e ao qual continua ligado através de um programa de mentoria. Indicado para o curso por um amigo, que sabia que ele estava com a faculdade trancada pela dificuldade financeira, Vitor passou em todos os testes de qualificação de um processo com altos níveis de exigência não somente técnica, mas principalmente comportamental. Integrante da primeira turma da startup de educação fundada ano passado por um empresário do Rio de Janeiro, Vitor encontrou o reconhecimento do seu esforço e talento.

A empresa Resilia se propõe a missão de gerar os melhores profissionais de tecnologia do mercado, transformando com educação e emprego a vida de jovens menos favorecidos. Um desafio e tanto, porque os problemas de famílias de baixa renda são estruturais e impactam diretamente na formação e disponibilidade dos jovens para um treinamento intensivo. Bruno Cani, CEO da startup, que acompanha de perto os jovens participantes, explica que o que é mais importante no programa não é a entrega de um diploma profissionalizante, mas a real qualificação dos jovens para mercado de trabalho para além da competência técnica. “Aqui, como inspira o próprio nome da empresa, procuramos desenvolver a resiliência e as soft skills que o mercado deseja. Nossa proposta é criar um ambiente de interação, mentoria e acompanhamento social, que garanta aos participantes a criação de uma rede que o fortaleça no propósito de ser um profissional de sucesso”, explica.

Recentemente, Vitor ganhou notoriedade nas redes sociais, quando após tirar o seu certificado no curso, passou por um processo de seleção muito competitivo, mas foi preterido apesar de apresentar o melhor “código” de acordo com o próprio recrutador. A razão: não tinha os equipamentos exigidos para tocar o projeto em home office. “Foi um baque para mim, enfrentar mais uma vez as dificuldades que como homem negro e pobre a sociedade me impõe, apesar de saber que eu era o mais qualificado para o cargo”, contou. “Depois de sofrer sozinho, decidi compartilhar o fato nas redes sociais em busca de outras oportunidades. Pensei mesmo que alguma empresa poderia se interessar em me dar a chance que as características de realização à distância daquele projeto haviam me negado”. A melhor expectativa de Vitor foi superada: mais de 30 empresas se interessaram por sua história e lhe ofereceram oportunidades de participar de processos seletivos. “Foi uma alegria, porque sei que sou capaz e que esse fato apenas abriu as portas que estavam fechadas por questões sociais mais amplas”. Vitor acabou optando por ingressar na equipe de desenvolvimento de uma empresa de aplicativo de entregas para a qual já havia trabalhado como boy.

Sobre o episódio, Bruno Cani, CEO da Resilia, afirma que Vitor estaria empregado mais cedo ou mais tarde por conta do seu esforço e resiliência, mas exalta a coragem dele vir a público e contar sua história. A Resilia investe nos participantes, buscando oportunidades para que possam pagar com uma parcela de seus salários o curso previamente oferecido. “Não é uma dívida comum, porque caso não consiga pagar integralmente o curso em até cinco anos, o valor devido expira. É um investimento antecipado de impacto social com retorno praticamente certo”, afirma confiante o empresário. “Nada dá mais retorno do que investir em pessoas e talentos. Esse é o capital com que queremos trabalhar”.

Conheça mais sobre a história do Vitor e suas motivações atuais na Abertura do evento oficial do Rio Info 2020, onde ele se apresentará como palestrante convidado. Faça agora mesmo sua inscrição clicando aqui.  

Vitor Eletério e Bruno Cani serão também palestrantes do evento Rio Info 2020 na trilha de Inclusão Digital ,coordenada por Karla Mourão, CEO da Escritório 21

 

 

 

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